1
Lampião quando morreu
Foi pro julgamento final
Sem medo do fez
Na balança do bem e do mal
De um lado satanás com fervor
Doutro a compaixão de nosso senhor
Avaliando seu destino eternal
2
Irreverente diz satanás
Agora é sem confusão
Pois quem vem chegando
É o famoso Lampião
Fera raivosa e viril
Só pecados tem mais de mil
Não se importa pro teu perdão
3
Calmo diz nosso senhor
Não pense que dobre
Eu sei o que ele fez
Foi tudo em favor dos pobres
Diferente que eu usei amor
Ele devolveu a dor
Obtida com os nobres
4
O que? Te ofereci tudo
Á dois mil anos a traz
Fama império e muito mais
Porem você não aceitou
já sou dono me zombou
E se rende á uma alma fugaz?

Primeiro eu quero ouvi
O que tem á dizer o réu
Diz Virgulino Lampião
Não me importa inferno ou céu
Porque do mundo que eu vim
E a coragem dentro de mim
Continuo orando meu chapéu
6
Enciste o nosso senhor
Arrependas dos crimes teus
Diz destemido Lampião
Se perdoas pecado meu
Eu fico sim muito grato
Mas não põe o retrato
De trair o que me deu

Satan´s fala alegre
Este não quer ir pro céu
Assim me dá vantagens
De lhe mostrar do féu
Já que ele é um bandido
No inferno será querido
Vai comandar o baixaréu
8
Lampião que é aventureiro
O céu não dá pra mim
No cão corrijo pecador
Do ultimo morto até Caim
Pegar esfrega com satanás
Mesmo que fico pra traz
Comigo sempre foi assim
9
Se não se arrependes
Então eu lhe autorizo
Satanás fala com medo

Mesmo com Esse autorizar
Essa fera no me vencerá
Seria uma vergonha pro canisso
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Lampião ficou ansioso
Pra baixar fogo no inferno
Mesmo com tanta pestilência
Nada pra ele era moderno
Pois aqui no sertão
Passou fome dormiu no chão
Importa descanso eterno?
11
A notícia chegou no inferno
Os cães ficaram com medo
Mucufaia diz pra Fofoca
Tenho aqui um segredo
Um e-mail do julgamento
Lampião neste momento
Tá esquentando o espeto
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Cão Fofoca já mais
Segurou sua língua
Contou pra Notícia Ruim
Durante uma mandinga
Logo o segredo se espalhou
Um desespero se tornou
Cão já quebrava a moringa

Cão Raivoso pulava
Quebra-quebra reagiu
Cão angustia tomou conta
Foi cão topete quem caiu
Se levanta classe alta
Com postura se exalta
E pobreza foi quem fugiu
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Já no céu foi diferente
A decisão entristeceu
Queriam Virgulino lá
Pois ele não era ateu
Na alegria ou na aflição
Agradecia em oração
Sempre lembrava de Deus
15
Lampião baixou no inferno
Trazendo uma surpresa
Outros cangaceiros o seguiu
Com Valentia e destreza
Quando pôs os pés ali
Viram coisa tremer e cair

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A cabroeira atirou
No comando combinação
Eram diabos que voavam
Outros caiam no chão
Nada mais podiam enxergar
Esperaram a poeira baixar
Nem mais pé ou asa de cão
17
Satanás se ajoelhou
Nos pés de Lampião
Classe alta não gostou
Dizendo que papelão
Lampião mandou rancar
Pra ele nunca mais falar
Língua do fanfarrão
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Do pão que o diabo amassou
Invadiram a padaria
O funcionalismo mudou
O diabo nunca ouviu falar
Mas ele vai ter que acostumar
Com o pão que Lampião assou
19
E disse Virgulino
Vamos montar um estado
Novo e anarquista
Bem justo e bem formado
Satanás vai ser o presidente
Eu serei um juiz quente
Já tá feito e votado
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Deste dia pra cá
O inferno tá diferente
Ninguém nunca mais sofreu
Tem cão vivendo contente
Só vai arder no caldeirão
Quem desobedecer então

Francisnaldo Silva de Souza
NALDÃO
Esse cordel foi montado como peça para teatro de rua com a copanhia de teatro Encenações, na direção de Naldão no de 2011.
foi apresentado em:
Seabra
Baixa Grande
Bonito
e Morro do Chapéu
.FOTOS
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E NOIS É OS GATÃO
MARTELO AGALOPADO
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